ESPANTO
O Princípio da Inquietação
O Princípio da Inquietação é mais do que um podcast, é um antídoto contra o nevoeiro, um limpa-para-brisas, um elixir, o ponto de ignição.
Pensar é o atributo que nos distingue dos restantes animais, ou pelo menos é o que nós humanos pensamos. Será mesmo assim?
Neste podcast é através da Filosofia que se procurará compreender o mundo, entender os outros, aprofundar as possibilidades do pensamento do próprio sujeito que se interroga, que se espanta.
Espanto – O Princípio da Inquietação, reúne na sua primeira temporada de catorze episódios, as intervenções de doze filósofos e, ainda, dois debates com pensadores de outras áreas do conhecimento. Todas as palestras e debates foram apresentados no Espanto- Festival Internacional de Filosofia.
O tema que espantou todos foi o medo. O MEDO, essa força invisível que nos paralisa, mas que também nos pode transformar. Ou como diz José Gil: “É o medo que nos tolhe e, direta e indiretamente, nos inibe de expandirmos a nossa potência de vida, e mesmo a nossa vontade de viver. De certo modo, pode perguntar-se se a própria não-inscrição, toda essa atividade saltitante do ‘toca e foge’, esse constante desassossego dos portugueses, não provém do medo. Porque este arranca o indivíduo ao seu solo, desapropria-o do seu território e do seu espaço, deixa-o a sobrevoar o real, em pleno nevoeiro.”

Ep.14 – Debate – Um olhar criativo, cinéfilo e neurocientífico para o medo
Artur Ribeiro, Luísa V. Lopes e Edson Athayde. Moderado por: Catarina G. Barosa
Disponível 16.12

Ep.13 – Debate: O corpo, as distopias literárias e a Inteligência Artificial no combate ao medo
Beatriz Batarda, Joana Bértholo e Arlindo Oliveira. Moderado por: Maria João Martins
O teatro é um corpo casa, e o medo contemporâneo de envolvimento do corpo pode afastar-nos afetivamente uns dos outros, pode levar-nos a comportamentos de evitação do confronto emocional…
O teatro é um corpo casa, e o medo contemporâneo de envolvimento do corpo pode afastar-nos afetivamente uns dos outros, pode levar-nos a comportamentos de evitação do confronto emocional, indo sempre diretos ao prazer para abandonar, descartar o que é desconfortável. A literatura, utópica e distópica, é uma forma de retratar, projetar e simular cenários para os nossos medos. Há histórias que assustam, há histórias que nos fazem confiar, mas há também histórias únicas ou sobre-simplificadas. E a par de tudo isto, há a tecnologia, a inteligência artificial que acrescenta ao mundo outra dimensão assustadora; que medos são esses que hoje foram adicionados a este novo Homem Hiper conectado? A benevolência poderá ser encontrada em botes e na inteligência artificial? Quais são os maiores medos do homo connexus?
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva

Ep.12 – Poder sob pressão. Uma filosofia prática do medo e da coragem
Bernat Castany Prado
O medo é um dos obstáculos fundamentais na construção de uma vida filosófica, pois reduz a nossa capacidade de conhecer e de nos conhecermos a nós próprios; de nos abrirmos e de nos desdobrarmos no mundo…
O medo é um dos obstáculos fundamentais na construção de uma vida filosófica, pois reduz a nossa capacidade de conhecer e de nos conhecermos a nós próprios; de nos abrirmos e de nos desdobrarmos no mundo; de organizarmos uma existência em que as paixões alegres dominam as paixões tristes; e de convivermos em liberdade com os outros. Não é, pois, surpreendente que, ao longo da história, muitos filósofos, como Epicuro, Lucrécio, Montaigne, Spinoza, D’Holbach, Arendt ou Nussbaum, tenham defendido ideias e perspetivas que substituem as que alimentam os nossos medos e concebido práticas filosófico-literárias para aumentar o nosso valor. Neste episódio são expostas essas ideias, essas perspetivas e essas práticas, com o objetivo de as voltar a pôr a funcionar.
Bernat Castany Prado
Bernat Castany Prado, é licenciado em Filologia e Filosofia Hispânicas pela Universidade de Barcelona, doutorado em Filologia pela mesma universidade e doutorado em Estudos Culturais pela Universidade de Georgetown, Washington D.C. Publicou os ensaios Una filosofía del miedo (Anagrama, 2022), Pensamiento crítico ilustrado (Thule, 2022), Obedecedario patriarcal (em colaboração com Sara Berbel, Anagrama, 2024), Que nada se sabe. El escepticismo en la obra de J. L. Borges (América Sin Nombre, 2012), Literatura posnacional (Editum, 2007), e publicará em breve Una filosofía de la risa (Anagrama, 2025). Também colabora com meios de comunicação como El País e Tinta Libre. Atualmente, é professor de Literatura Latino-americana na Universidade de Barcelona.
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva

Ep.11 – Contra a Esperança
Manuel Curado
Uma das coisas que a filosofia tem de explicar ao mundo é o facto embaraçoso de não ter oferecido à humanidade um único assunto que seja radicalmente diferente dos outros assuntos.
Uma das coisas que a filosofia tem de explicar ao mundo é o facto embaraçoso de não ter oferecido à humanidade um único assunto que seja radicalmente diferente dos outros assuntos. Afinal, se tudo é semelhante a tudo em algum aspeto, constrangimento metafísico que limita tudo o que os seres humanos podem pensar, não está ao alcance da filosofia oferecer um assunto que não tenha qualquer semelhança com assuntos já conhecidos. Isso é impossível.
O medo não é exceção: todos os assuntos que causam medo às pessoas são semelhantes a todas coisas que não causam medo, partilhando com estas muitas propriedades. Por conseguinte, o medo não existe de facto; faz parte da coleção de assuntos que parecem existir, mas que, quando se averigua, vê-se que não existem.
É possível, pois, que não haja qualquer Esclarecimento a fazer, seja sobre o medo, seja sobre qualquer outro assunto. Como não há assuntos que violem a lei da semelhança de tudo com tudo, a filosofia e as outras atividades humanas limitam-se a entreter as pessoas.
Manuel Curado
Manuel Curado é Professor de Filosofia na Universidade do Minho, nomeadamente nas áreas de Filosofia Antiga e Filosofia em Portugal, e obteve vários outros títulos, nomeadamente o de Auditor de Defesa Nacional (Ministério da Defesa, Lisboa) e Curso de Alta Direção para a Administração Pública (INA/Universidade do Minho). É doutor sobresaliente cum laude pela Universidade de Salamanca, tendo obtido anteriormente o grau de mestre em Filosofia pela Universidade Nova de Lisboa e a licenciatura em Filosofia pela Universidade Católica Portuguesa (Lisboa). Proferiu mais de 300 conferências em muitos países, de Moscovo, Rússia (MGLU e MGIMO), até ao Rio de Janeiro, Brasil (Biblioteca Nacional e Academia Brasileira de Filosofia), e foi Professor Erasmus em Pádua, Itália.
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva

Ep.10 – Do medo ao espanto: Os estados de espírito da humanidade
Maria Balaska
Neste episódio é explicado como este tipo de medo pode estar próximo de emoções que, à primeira vista, parecem muito diferentes, como o assombro e a admiração.
Pensamos no medo como um afeto negativo, uma emoção a evitar, nem que seja porque nos alerta para o perigo, e o perigo deve ser evitado. No entanto, os filósofos identificaram formas de medo e ansiedade que surgem sem qualquer ameaça específica. Na sua forma difusa e generalizada, esses momentos de medo podem revelar um sentimento de alienação em relação à nossa própria condição humana — de não sabermos o que é exigido de nós ou como viver a nossa vida. Neste episódio é explicado como este tipo de medo pode estar próximo de emoções que, à primeira vista, parecem muito diferentes, como o assombro e a admiração.
Maria Balaska
Maria Balaska é filósofa e autora de dois livros e diversos artigos. Lecionou filosofia na Universidade de Hertfordshire e atualmente é pesquisadora na Universidade Åbo Akademi (ÅAU), na Finlândia. O seu livro mais recente é Anxiety & Wonder: on Being Human (Ansiedade e Maravilha: sobre Ser Humano), publicado pela Bloomsbury. Saiba mais sobre seu trabalho em mariabalaska.com
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva

Ep.9 – A arma da segurança e o estado de exceção
Donatella Di Cesare
Neste episódio, Donatella fala-nos do medo como ferramenta ao serviço da política, enquanto medo produzido, suscitado, inclusivamente cultivado.
Neste episódio, Donatella fala-nos do medo como ferramenta ao serviço da política, enquanto medo produzido, suscitado, inclusivamente cultivado. Não se trata de uma emoção espontânea, mas sim de uma sugestão propagada, da habituação à ameaça, da sensação de uma insegurança extrema. Isto provocou uma procura de proteção, o desejo de imunidade, o que favoreceu o estado de exceção. As guerras em curso são o resultado, derradeiro e inquietante, desta suspensão técnica da democracia.
Donatella Di Cesare
Donatella Di Cesare é professora titular de Filosofia Teórica no Departamento de Filosofia da Universidade Sapienza de Roma, onde é membro do Colégio Doutoral, e na Escola de Estudos Avançados Sapienza (SSAS). O seu pensamento situa-se no âmbito da Filosofia Continental (hermenêutica, desconstrução – Nietzsche, Heidegger, Gadamer, Derrida), aprofundando os temas da verdade e da compreensão. O seu trabalho tem-se centrado na ligação entre tempo e linguagem (Walter Benjamin), considerando as questões éticas e políticas do outro e da alteridade (Emmanuel Levinas). A Shoah tornou-se central na sua reflexão (If Auschwitz is Nothing, 2023). Tendo já contribuído com numerosos estudos sobre este tema, no rescaldo da publicação dos Cadernos Negros de Heidegger, interrogou-se sobre a responsabilidade da Filosofia face ao extermínio (Heidegger, os judeus e a Shoah. Os Cadernos Negros, 2016). Tem examinado repetidamente a relação com a figura do estranho e do estrangeiro (Marranos. O Outro do Outro, 2019), incluindo também a questão da migração (Resident Foreigners. Philosophy of Migration, 2020).
Na fronteira entre a biopolítica e a teologia política, analisou a soberania e as formas de dominação (Spinoza). Os desafios da violência, visível e invisível, do totalitarismo (Arendt) às suas formas contemporâneas (terror, tortura, guerra), levaram-na a repensar a vida nua e os direitos humanos. Apelou ao regresso da filosofia à pólis, esboçando a possibilidade de um pensamento radical capaz de conjugar existência e comunidade (A vocação política da filosofia, 2021). Nos últimos anos, tem articulado uma crítica da política estatal, contribuindo para uma reformulação do conceito de democracia (Democracia e Anarquia, 2024).
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva

Ep.8 – Telemalignidade e ação à distância
Peter Sloterdijk, Filósofo
Neste episódio, o filósofo Peter Sloterdijk faz uma abordagem imunológica à questão de saber se é razoável ter medo de fontes de dano e lesão que parecem estar distantes.
Neste episódio, o filósofo Peter Sloterdijk faz uma abordagem imunológica à questão de saber se é razoável ter medo de fontes de dano e lesão que parecem estar distantes.
Peter Sloterdijk
Peter Sloterdijk nasceu a 26 de junho de 1947, filho de mãe alemã e pai holandês. De 1968 a 1974, estudou Filosofia, História e Estudos Alemães em Munique e na Universidade de Hamburgo. Em 1971, Sloterdijk escreveu a sua tese de mestrado intitulada Structuralism as Poetic Hermeneutics. Seguiram-se, em 1972/73, um ensaio sobre a teoria estrutural da história de Michel Foucault e um estudo intitulado Die Ökonomie der Sprachspiele. Sobre a crítica da constituição linguística do objeto. Em 1976, Peter Sloterdijk foi convidado pelo Professor Klaus Briegleb para uma conferência sobre Literatura e Organização da Experiência de Vida. Teoria dos géneros e história dos géneros da autobiografia da República de Weimar 1918-1933. Entre 1978 e 1980, Sloterdijk permaneceu no ashram de Bhagwan Shree Rajneesh (mais tarde Osho) em Pune, na Índia. Sloterdijk trabalha como escritor freelancer desde a década de 1980. O seu livro Crítica da Razão Cínica, publicado pela Suhrkamp Verlag em 1983, é um dos livros filosóficos mais vendidos do século XX. De 2001 a 2015, Sloterdijk sucedeu a Heinrich Klotz como Reitor da Universidade de Artes e Design de Karlsruhe. Em 2024, proferiu uma série de conferências muito aclamadas no Collège de France (Paris) sobre o tema Le continent sans qualités: des marque-pages dans le livre de l’Europe
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva

Ep.7 – O mais temível de todos os males”. Epicuro, Heidegger e o medo da morte
Marta Faustino
O medo da morte é um dos medos mais comuns e pervasivos da existência humana e também um dos temas que mais suscitou reflexão filosófica desde o início da sua história.
O medo da morte é um dos medos mais comuns e pervasivos da existência humana e também um dos temas que mais suscitou reflexão filosófica desde o início da sua história. Neste episódio, Marta Faustino contrastará as perspetivas de dois filósofos radicalmente diferentes e separados por mais de dois milénios: Epicuro de Samos e Martin Heidegger. Se Epicuro se esforça por nos mostrar que não há nada de temível em morrer por forma a eliminar o medo da morte e conduzir-nos a uma forma de vida mais tranquila e feliz, Heidegger procura intensificar a nossa relação com ela e produzir uma consciência aguda da nossa finitude, como condição de possibilidade de uma existência autêntica. O contraste entre os dois filósofos coloca-nos, assim, perante uma escolha radical entre duas atitudes existenciais perante a morte: a tranquilidade ou a autenticidade.
Marta Faustino
Marta Faustino é investigadora do IFILNOVA (Instituto de Filosofia da NOVA). Estudou Ciências da Comunicação (2002) e Filosofia (2005) na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa e doutorou-se em Filosofia (2013), na mesma universidade, com a dissertação Nietzsche e a Grande Saúde. Para uma Terapia da Terapia. Desenvolve atualmente um projeto individual sobre a Filosofia como modo de vida, com especial foco em Nietzsche, Hadot e Foucault. De 2018 a 2022 coordenou o Art of Living Research Group e de 2023 a 2025 liderou, como Investigadora Principal, o Projeto Exploratório da FCT Mapping Philosophy as a Way of Life: An Ancient Model, A Contemporary Approach. É autora de vários artigos e ensaios sobre Nietzsche, Hadot, Foucault e os filósofos helenistas e coeditora de Nietzsche e Pessoa: Ensaios (Tinta-da-china, 2016), Rostos do Si: Autobiografia, Confissão, Terapia (Vendaval, 2019), The Late Foucault: Ethical and Political Questions (Bloomsbury, 2020), Filosofia Como Modo de Vida: Ensaios Escolhidos (Edições 70, 2022) e Hadot and Foucault on Ancient Philosophy: Critical Assessments (Brill, 2024). Está atualmente a co-organizar o Oxford Handbook of Philosophy as a Way of Life.
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva

Ep.6 – Trump & Putin. Como viver com o medo?
Michel Eltchaninoff, Filósofo
Donald Trump está a sacudir-nos com os seus discursos transgressivos, demonstrando o seu desprezo pela Europa; quer anexar territórios estrangeiros e é brando com Vladimir Putin. O nosso aliado e apoiante histórico está a abandonar-nos. A guerra comercial corre o risco de nos enfraquecer socialmente.
Donald Trump está a sacudir-nos com os seus discursos transgressivos, demonstrando o seu desprezo pela Europa; quer anexar territórios estrangeiros e é brando com Vladimir Putin. O nosso aliado e apoiante histórico está a abandonar-nos. A guerra comercial corre o risco de nos enfraquecer socialmente. A Rússia define-se apenas pela guerra contra o Ocidente. A longa página de paz que percorremos está a ser virada? Vivenciamos vários tipos de medo: choque, angústia, pavor, ansiedade, pânico. Entender essas nuances permite-os domesticá-las. Mas nunca completamente. O que devemos, então, fazer com nossos medos? Deveríamos tentar eliminá-los através da razão, aceitá-los como meios de ação ou admitir que às vezes os desejamos? Uma jornada até o fim dos nossos medos.
Michel Eltchaninoff
Nascido em Paris em 1969, tem umaagrégation e um doutoramento em Filosofia e foi professor no liceu e na universidade antes de se juntar à equipa da revista Philosophie, onde é chefe de redação. Publica uma coluna sobre geopolítica, artigos sobre a história da Filosofia e reportagens, por exemplo, sobre a Ucrânia em guerra no inverno passado. É especialista em Filosofia russa e fenomenologia e interessa-se particularmente pelas ideologias contemporâneas. Entre os seus livros contam-se Dans la tête de Vladimir Poutine (Actes Sud, 2015), Les Nouveaux Dissidents (Stock, 2016), Dans la tête de Marine Le Pen (Actes Sud, 2017) e Lénine a marche sur la lune (Actes Sud, 2022). Atualmente, está a escrever uma série de artigos sobre a ascensão de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva

Ep.5 – Não ter medo do medo
Daniel Innerarity, Filósofo
O medo é uma emoção humana que serve para facilitar a nossa sobrevivência face ao perigo.
Existem medos específicos na sociedade contemporânea que nos permitem falar de um aumento do medo?
O medo é uma emoção humana que serve para facilitar a nossa sobrevivência face ao perigo.
Existem medos específicos na sociedade contemporânea que nos permitem falar de um aumento do medo? Quando a única certeza que temos é que o futuro pode ser muito diferente do presente e de forma imprevisível, não há como refutar qualquer motivo de preocupação.
A ansiedade fixa os sujeitos no momento presente e desmantela os sonhos e as ilusões de um futuro melhor.
Parte desta fixação no presente é a velocidade da informação, que há muito deixou de servir para nos dar uma imagem coerente do que está a acontecer e passa a funcionar como ruído que acalma a nossa desorientação.
Com o aumento da informação disponível e a sua atualização impulsiva, não é que estejamos mais bem informados, mas sim que podemos acreditar que estamos dispensados de fazer uma reflexão pessoal.
Daniel Innerarity
Daniel Innerarity é professor de Filosofia Política, investigador “Ikerbasque” na Universidade do País Basco, diretor do Instituto para a Governação Democrática e titular da Cátedra de Inteligência Artificial e Democracia no Instituto Europeu de Florença. Foi professor convidado em várias universidades europeias e americanas, como a Universidade de Sorbonne (Paris I), a London School of Economics and Political Science e a Universidade de Georgetown. Doutorado em Filosofia, prosseguiu os seus estudos na Alemanha (como bolseiro da Fundação Alexander von Humboldt), na Suíça e em Itália. Os seus livros recentes incluem Politics in a Time of Indignation, Democracy in Europe, Politics for the Perplexed, A Theory of Complex Democracy, Pandemocracy. A Philosophy of the Coronavirus Crisis, The Unknowing Society, Democratic Freedom e A Critical Theory of Artificial Intelligence. Pelo conjunto da sua obra, recebeu o Prémio Eusko Ikaskuntza-Caja Laboral de Humanidades, Artes, Cultura e Ciências Sociais, o Prémio Príncipe de Viana de Cultura, o Prémio Internacional de Humanidades Eulalio Ferrer e o Prémio Nacional de Investigação em Humanidades 2022.
É colaborador regular de El País, El Correo / Diario Vasco e La Vanguardia.
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva

Ep.4 – Ideologia e terror: será a solidão a condição subjacente a todos os movimentos totalitários?
Samantha Rose Hill
Neste episódio vamos ser desafiados para refletir sobre a solidão na nossa era de isolamento, enquanto assistimos à ascensão da nova extrema-direita em várias partes do mundo.
Neste episódio vamos ser desafiados para refletir sobre a solidão na nossa era de isolamento, enquanto assistimos à ascensão da nova extrema-direita em várias partes do mundo.
Samantha Rose Hill
Samantha Rose Hill é autora de Hannah Arendt (2022) e editora e tradutora de What Remains: The Collected Poems of Hannah Arendt (2024).
É professora visitante no Oxford Centre for Life-Writing no Wolfson College e professora associada no Brooklyn Institute for Social Research. Os seus textos foram publicados em The Paris Review, Aeon, Commonweal, The Guardian, Guernica, Lapham’s Quarterly, LitHub, Los Angeles Review of Books, The Jewish Review of Books e TLS. Está a trabalhar no seu próximo livro, Loneliness, a publicar pela Yale University Press.
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva

Ep.3 – O “Assombro”: descoberta da perplexidade e possibilidade de resistência
António de Castro Caeiro, Filósofo
O assombro manifesta-se como uma sensação de estranheza e inospitalidade perante a perda de objetos ou pessoas, atitudes inesperadas, mudanças súbitas no familiar, ou situações como a doença na infância e despedidas.
O assombro manifesta-se como uma sensação de estranheza e inospitalidade perante a perda de objetos ou pessoas, atitudes inesperadas, mudanças súbitas no familiar, ou situações como a doença na infância e despedidas. É o insólito que irrompe no quotidiano, tornando o conhecido desconhecido e provocando a perceção de que tudo mudou. Desde cedo, experiências radicais — como a morte, a separação ou a ausência — revelam a vulnerabilidade do tempo e do ser. O assombro nasce desse confronto com o outro, com o inesperado e com a transformação. Leva à consciência da passagem do tempo, da falta de tempo e da esperança que pode emergir após longos períodos de letargia. No fundo de todas as coisas, o assombro é o surgimento do ser, a revelação da vida no próprio ato de resistir ao desaparecimento.
António de Castro Caeiro
António de Castro Caeiro é professor de Filosofia Antiga, Grego, Latim e Alemão na NOVA FCSH, e foi visiting scholar na Albert Ludwig Universität (Alemanha), na Universidade de São Paulo (Brasil), na University of South Florida (EUA) e no Oriel College da Universidade de Oxford (Reino Unido). Pertence ao Grupo de Pesquisa em Filosofia Antiga do Culture Lab do IFILNOVA. Traduziu as Odes Píticas (Quetzal, 2010) e as Odes Olímpicas de Píndaro (Abysmo, 2017) e é autor da tradução de referência da Ética a Nicómaco, de Aristóteles (7ª ed. 1ª ed. 2004). Traduziu também os Fragmentos dos livros perdidos de Aristóteles: Diálogos e Obras Exortativas (INCM, 2014), Constituições Perdidas (Abysmo, 2018); Fragmentos Científicos (Abysmo, 2021). Publicou o ensaio: São Paulo: Apocalipse e Conversão (Aletheia, 2014), Um dia não São Dias (Abysmo, 2015), Reflexions on Everyday Life (Cambridge Scholars Publishing, 2019).
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva

Ep.2 – A Sociedade da insegurança
Gilles Lipovetsky
O medo nunca abandonou a humanidade. Todas as épocas tiveram as suas angústias: guerras, fomes, epidemias. O medo já não se limita aos conflitos armados ou às crises económicas, mas está presente em todos os aspetos da vida quotidiana.
SOCIEDADE DA INSEGURANÇA
O medo nunca abandonou a humanidade. Todas as épocas tiveram as suas angústias: guerras, fomes, epidemias. O medo já não se limita aos conflitos armados ou às crises económicas, mas está presente em todos os aspetos da vida quotidiana.
A inteligência artificial ameaça os empregos, o clima perturba as estações, os vírus aparecem sem aviso, a guerra está de novo à nossa porta e até a alimentação está a tornar-se uma fonte de preocupação.
Longe de propor um horizonte tranquilizador, o progresso técnico parece estar a aumentar a nossa ansiedade.
A modernidade já não é sinónimo de confiança no futuro, mas de dúvida permanente. A era hipermoderna coincide com o aparecimento de uma sociedade de insegurança, onde o futuro é menos uma promessa do que uma fonte de ansiedade e medo.
Gilles Lipovetsky
Professor associado de Filosofia, Cavaleiro da Legião de Honra e Doutor Honoris Causa pela Universidade de Sherbrooke (Canadá), pela Nova Universidade Búlgara de Sofia (Bulgária), pela Universidade de Aveiro (Portugal), pela Universidade de Vera Cruz (México), pela Universidade Autônoma do Caribe Barranquilla (Colômbia), pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Brasil). O seu campo de instigação está relacionado com: transformações de valores, estilos de vida e comportamentos nas sociedades ocidentais desenvolvidas.
Faz ainda seminários e conferências sobre ética empresarial, individualismo, luxo, consumo, neocapitalismo e crise democrática.
Tem publicados e traduzidos para português os seguintes livros: A Era do Vazio (1983), O Império do Efêmero (1987), Crepúsculo do Dever (1992), A Terceira Mulher (1997), Metamorfoses da Cultura Liberal (2002), Luxo Eterno (2003), Tempos Hipermodernos (2004), A Felicidade Paradoxal. Ensaio sobre a sociedade de Hiperconsumo (2006), A Sociedade da Decepção (2006), Cultura Mundial. Resposta a uma sociedade desorientada (2008), O Ocidente Globalizado. Controvérsia sobre a Cultura Global (2010), A Estetização do Mundo. Vivendo na Era do Capitalismo Artístico (2013), Leveza. Rumo a uma civilização da luz (2015), Agradar e Tocar. Ensaio sobre a Sociedade da Sedução (2017), A Coroação da Autenticidade (2021), A Nova Era do Kitsch. Ensaio sobre a civilização do “demais” (2023).
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva

Ep.1 – O Medo que vem aí
José Gil, Filósofo
Neste episódio, procurar-se-á caracterizar o medo que se anuncia hoje através dos perigos trazidos pelas alterações climáticas, pelos avanços da extrema-direita mundial, pela inteligência artificial e outros fatores. Analisaremos diversos tipos e funções sociais do medo, para descrever o sentimento que parece estar a invadir e a moldar as subjetividades atuais.
O MEDO QUE VEM AÍ
Neste episódio, procurar-se-á caracterizar o medo que se anuncia hoje através dos perigos trazidos pelas alterações climáticas, pelos avanços da extrema-direita mundial, pela inteligência artificial e outros fatores. Analisaremos diversos tipos e funções sociais do medo, para descrever o sentimento que parece estar a invadir e a moldar as subjetividades atuais.
José Gil
Nasceu em Moçambique, fez o curso de Filosofia em Paris, terminando com uma Tese de Doctorat d’Etat sobre O corpo como campo do poder. Em 1982 voltou a Portugal onde leccionou Filosofia na Universidade Nova de Lisboa. Paralelamente leccionou no Collège International de Philosophie de Paris, na New School for Danse Development em Amsterdão e na Universidade de São Paulo (PUC). Orientou vários seminários em Porto Alegre, Fortaleza e Medellin (Colômbia) sobre Estética e sobre Fernando Pessoa. Publicou artigos e ensaios científicos em revistas e enciclopédias de todo o mundo, alguns romances e numerosos ensaios (alguns traduzidos em francês, espanhol, inglês, italiano) de que se destacam Fernando Pessoa ou a Metafísica das sensações, Salazar – a Retórica da Invisibilidade, a Imagem-nua e as Pequenas Percepções, Movimento Total, Portugal hoje – o Medo de existir, O imperceptível Devir da imanência – sobre a Filosofia de Deleuze, A arte como Linguagem e O Humor e a lógica dos objectos de Duchamp (em col. com Ana Godinho), Caos e Ritmo, Morte e Democracia.
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva