ESPANTO
O Princípio da Inquietação
O Princípio da Inquietação é mais do que um podcast, é um antídoto contra o nevoeiro, um limpa-para-brisas, um elixir, o ponto de ignição.
Pensar é o atributo que nos distingue dos restantes animais, ou pelo menos é o que nós humanos pensamos. Será mesmo assim?
Neste podcast é através da Filosofia que se procurará compreender o mundo, entender os outros, aprofundar as possibilidades do pensamento do próprio sujeito que se interroga, que se espanta.
Espanto – O Princípio da Inquietação, reúne na sua primeira temporada de catorze episódios, as intervenções de doze filósofos e, ainda, dois debates com pensadores de outras áreas do conhecimento. Todas as palestras e debates foram apresentados no Espanto- Festival Internacional de Filosofia.
O tema que espantou todos foi o medo. O MEDO, essa força invisível que nos paralisa, mas que também nos pode transformar. Ou como diz José Gil: “É o medo que nos tolhe e, direta e indiretamente, nos inibe de expandirmos a nossa potência de vida, e mesmo a nossa vontade de viver. De certo modo, pode perguntar-se se a própria não-inscrição, toda essa atividade saltitante do ‘toca e foge’, esse constante desassossego dos portugueses, não provém do medo. Porque este arranca o indivíduo ao seu solo, desapropria-o do seu território e do seu espaço, deixa-o a sobrevoar o real, em pleno nevoeiro.”

Ep.1 – O Medo que vem aí
José Gil, Filósofo
Neste episódio, procurar-se-á caracterizar o medo que se anuncia hoje através dos perigos trazidos pelas alterações climáticas, pelos avanços da extrema-direita mundial, pela inteligência artificial e outros fatores. Analisaremos diversos tipos e funções sociais do medo, para descrever o sentimento que parece estar a invadir e a moldar as subjetividades atuais.
O MEDO QUE VEM AÍ
Neste episódio, procurar-se-á caracterizar o medo que se anuncia hoje através dos perigos trazidos pelas alterações climáticas, pelos avanços da extrema-direita mundial, pela inteligência artificial e outros fatores. Analisaremos diversos tipos e funções sociais do medo, para descrever o sentimento que parece estar a invadir e a moldar as subjetividades atuais.
José Gil
Nasceu em Moçambique, fez o curso de Filosofia em Paris, terminando com uma Tese de Doctorat d’Etat sobre O corpo como campo do poder. Em 1982 voltou a Portugal onde leccionou Filosofia na Universidade Nova de Lisboa. Paralelamente leccionou no Collège International de Philosophie de Paris, na New School for Danse Development em Amsterdão e na Universidade de São Paulo (PUC). Orientou vários seminários em Porto Alegre, Fortaleza e Medellin (Colômbia) sobre Estética e sobre Fernando Pessoa. Publicou artigos e ensaios científicos em revistas e enciclopédias de todo o mundo, alguns romances e numerosos ensaios (alguns traduzidos em francês, espanhol, inglês, italiano) de que se destacam Fernando Pessoa ou a Metafísica das sensações, Salazar – a Retórica da Invisibilidade, a Imagem-nua e as Pequenas Percepções, Movimento Total, Portugal hoje – o Medo de existir, O imperceptível Devir da imanência – sobre a Filosofia de Deleuze, A arte como Linguagem e O Humor e a lógica dos objectos de Duchamp (em col. com Ana Godinho), Caos e Ritmo, Morte e Democracia.
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva

Ep.2 – A Sociedade da insegurança
Gilles Lipovetsky
O medo nunca abandonou a humanidade. Todas as épocas tiveram as suas angústias: guerras, fomes, epidemias. O medo já não se limita aos conflitos armados ou às crises económicas, mas está presente em todos os aspetos da vida quotidiana.
SOCIEDADE DA INSEGURANÇA
O medo nunca abandonou a humanidade. Todas as épocas tiveram as suas angústias: guerras, fomes, epidemias. O medo já não se limita aos conflitos armados ou às crises económicas, mas está presente em todos os aspetos da vida quotidiana.
A inteligência artificial ameaça os empregos, o clima perturba as estações, os vírus aparecem sem aviso, a guerra está de novo à nossa porta e até a alimentação está a tornar-se uma fonte de preocupação.
Longe de propor um horizonte tranquilizador, o progresso técnico parece estar a aumentar a nossa ansiedade.
A modernidade já não é sinónimo de confiança no futuro, mas de dúvida permanente. A era hipermoderna coincide com o aparecimento de uma sociedade de insegurança, onde o futuro é menos uma promessa do que uma fonte de ansiedade e medo.
Gilles Lipovetsky
Professor associado de Filosofia, Cavaleiro da Legião de Honra e Doutor Honoris Causa pela Universidade de Sherbrooke (Canadá), pela Nova Universidade Búlgara de Sofia (Bulgária), pela Universidade de Aveiro (Portugal), pela Universidade de Vera Cruz (México), pela Universidade Autônoma do Caribe Barranquilla (Colômbia), pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Brasil). O seu campo de instigação está relacionado com: transformações de valores, estilos de vida e comportamentos nas sociedades ocidentais desenvolvidas.
Faz ainda seminários e conferências sobre ética empresarial, individualismo, luxo, consumo, neocapitalismo e crise democrática.
Tem publicados e traduzidos para português os seguintes livros: A Era do Vazio (1983), O Império do Efêmero (1987), Crepúsculo do Dever (1992), A Terceira Mulher (1997), Metamorfoses da Cultura Liberal (2002), Luxo Eterno (2003), Tempos Hipermodernos (2004), A Felicidade Paradoxal. Ensaio sobre a sociedade de Hiperconsumo (2006), A Sociedade da Decepção (2006), Cultura Mundial. Resposta a uma sociedade desorientada (2008), O Ocidente Globalizado. Controvérsia sobre a Cultura Global (2010), A Estetização do Mundo. Vivendo na Era do Capitalismo Artístico (2013), Leveza. Rumo a uma civilização da luz (2015), Agradar e Tocar. Ensaio sobre a Sociedade da Sedução (2017), A Coroação da Autenticidade (2021), A Nova Era do Kitsch. Ensaio sobre a civilização do “demais” (2023).
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva

Ep.3 – O “Assombro”: descoberta da perplexidade e possibilidade de resistência
António de Castro Caeiro, Filósofo
O assombro manifesta-se como uma sensação de estranheza e inospitalidade perante a perda de objetos ou pessoas, atitudes inesperadas, mudanças súbitas no familiar, ou situações como a doença na infância e despedidas.
O assombro manifesta-se como uma sensação de estranheza e inospitalidade perante a perda de objetos ou pessoas, atitudes inesperadas, mudanças súbitas no familiar, ou situações como a doença na infância e despedidas. É o insólito que irrompe no quotidiano, tornando o conhecido desconhecido e provocando a perceção de que tudo mudou. Desde cedo, experiências radicais — como a morte, a separação ou a ausência — revelam a vulnerabilidade do tempo e do ser. O assombro nasce desse confronto com o outro, com o inesperado e com a transformação. Leva à consciência da passagem do tempo, da falta de tempo e da esperança que pode emergir após longos períodos de letargia. No fundo de todas as coisas, o assombro é o surgimento do ser, a revelação da vida no próprio ato de resistir ao desaparecimento.
António de Castro Caeiro
António de Castro Caeiro é professor de Filosofia Antiga, Grego, Latim e Alemão na NOVA FCSH, e foi visiting scholar na Albert Ludwig Universität (Alemanha), na Universidade de São Paulo (Brasil), na University of South Florida (EUA) e no Oriel College da Universidade de Oxford (Reino Unido). Pertence ao Grupo de Pesquisa em Filosofia Antiga do Culture Lab do IFILNOVA. Traduziu as Odes Píticas (Quetzal, 2010) e as Odes Olímpicas de Píndaro (Abysmo, 2017) e é autor da tradução de referência da Ética a Nicómaco, de Aristóteles (7ª ed. 1ª ed. 2004). Traduziu também os Fragmentos dos livros perdidos de Aristóteles: Diálogos e Obras Exortativas (INCM, 2014), Constituições Perdidas (Abysmo, 2018); Fragmentos Científicos (Abysmo, 2021). Publicou o ensaio: São Paulo: Apocalipse e Conversão (Aletheia, 2014), Um dia não São Dias (Abysmo, 2015), Reflexions on Everyday Life (Cambridge Scholars Publishing, 2019).
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva

Ep.4 – Ideologia e terror: será a solidão a condição subjacente a todos os movimentos totalitários?
Samantha Rose Hill
Neste episódio vamos ser desafiados para refletir sobre a solidão na nossa era de isolamento, enquanto assistimos à ascensão da nova extrema-direita em várias partes do mundo.
Neste episódio vamos ser desafiados para refletir sobre a solidão na nossa era de isolamento, enquanto assistimos à ascensão da nova extrema-direita em várias partes do mundo.
Samantha Rose Hill
Samantha Rose Hill é autora de Hannah Arendt (2022) e editora e tradutora de What Remains: The Collected Poems of Hannah Arendt (2024).
É professora visitante no Oxford Centre for Life-Writing no Wolfson College e professora associada no Brooklyn Institute for Social Research. Os seus textos foram publicados em The Paris Review, Aeon, Commonweal, The Guardian, Guernica, Lapham’s Quarterly, LitHub, Los Angeles Review of Books, The Jewish Review of Books e TLS. Está a trabalhar no seu próximo livro, Loneliness, a publicar pela Yale University Press.
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva

Ep.5 – Não ter medo do medo
Daniel Innerarity, Filósofo
O medo é uma emoção humana que serve para facilitar a nossa sobrevivência face ao perigo.
Existem medos específicos na sociedade contemporânea que nos permitem falar de um aumento do medo?
O medo é uma emoção humana que serve para facilitar a nossa sobrevivência face ao perigo.
Existem medos específicos na sociedade contemporânea que nos permitem falar de um aumento do medo? Quando a única certeza que temos é que o futuro pode ser muito diferente do presente e de forma imprevisível, não há como refutar qualquer motivo de preocupação.
A ansiedade fixa os sujeitos no momento presente e desmantela os sonhos e as ilusões de um futuro melhor.
Parte desta fixação no presente é a velocidade da informação, que há muito deixou de servir para nos dar uma imagem coerente do que está a acontecer e passa a funcionar como ruído que acalma a nossa desorientação.
Com o aumento da informação disponível e a sua atualização impulsiva, não é que estejamos mais bem informados, mas sim que podemos acreditar que estamos dispensados de fazer uma reflexão pessoal.
Daniel Innerarity
Daniel Innerarity é professor de Filosofia Política, investigador “Ikerbasque” na Universidade do País Basco, diretor do Instituto para a Governação Democrática e titular da Cátedra de Inteligência Artificial e Democracia no Instituto Europeu de Florença. Foi professor convidado em várias universidades europeias e americanas, como a Universidade de Sorbonne (Paris I), a London School of Economics and Political Science e a Universidade de Georgetown. Doutorado em Filosofia, prosseguiu os seus estudos na Alemanha (como bolseiro da Fundação Alexander von Humboldt), na Suíça e em Itália. Os seus livros recentes incluem Politics in a Time of Indignation, Democracy in Europe, Politics for the Perplexed, A Theory of Complex Democracy, Pandemocracy. A Philosophy of the Coronavirus Crisis, The Unknowing Society, Democratic Freedom e A Critical Theory of Artificial Intelligence. Pelo conjunto da sua obra, recebeu o Prémio Eusko Ikaskuntza-Caja Laboral de Humanidades, Artes, Cultura e Ciências Sociais, o Prémio Príncipe de Viana de Cultura, o Prémio Internacional de Humanidades Eulalio Ferrer e o Prémio Nacional de Investigação em Humanidades 2022.
É colaborador regular de El País, El Correo / Diario Vasco e La Vanguardia.
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva

Ep.6 – Trump & Putin. Como viver com o medo?
Michel Eltchaninoff, Filósofo
Donald Trump está a sacudir-nos com os seus discursos transgressivos, demonstrando o seu desprezo pela Europa; quer anexar territórios estrangeiros e é brando com Vladimir Putin. O nosso aliado e apoiante histórico está a abandonar-nos. A guerra comercial corre o risco de nos enfraquecer socialmente.
Donald Trump está a sacudir-nos com os seus discursos transgressivos, demonstrando o seu desprezo pela Europa; quer anexar territórios estrangeiros e é brando com Vladimir Putin. O nosso aliado e apoiante histórico está a abandonar-nos. A guerra comercial corre o risco de nos enfraquecer socialmente. A Rússia define-se apenas pela guerra contra o Ocidente. A longa página de paz que percorremos está a ser virada? Vivenciamos vários tipos de medo: choque, angústia, pavor, ansiedade, pânico. Entender essas nuances permite-os domesticá-las. Mas nunca completamente. O que devemos, então, fazer com nossos medos? Deveríamos tentar eliminá-los através da razão, aceitá-los como meios de ação ou admitir que às vezes os desejamos? Uma jornada até o fim dos nossos medos.
Michel Eltchaninoff
Nascido em Paris em 1969, tem umaagrégation e um doutoramento em Filosofia e foi professor no liceu e na universidade antes de se juntar à equipa da revista Philosophie, onde é chefe de redação. Publica uma coluna sobre geopolítica, artigos sobre a história da Filosofia e reportagens, por exemplo, sobre a Ucrânia em guerra no inverno passado. É especialista em Filosofia russa e fenomenologia e interessa-se particularmente pelas ideologias contemporâneas. Entre os seus livros contam-se Dans la tête de Vladimir Poutine (Actes Sud, 2015), Les Nouveaux Dissidents (Stock, 2016), Dans la tête de Marine Le Pen (Actes Sud, 2017) e Lénine a marche sur la lune (Actes Sud, 2022). Atualmente, está a escrever uma série de artigos sobre a ascensão de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva

Ep.7 – O mais temível de todos os males”. Epicuro, Heidegger e o medo da morte
Marta Faustino
O medo da morte é um dos medos mais comuns e pervasivos da existência humana e também um dos temas que mais suscitou reflexão filosófica desde o início da sua história.
O medo da morte é um dos medos mais comuns e pervasivos da existência humana e também um dos temas que mais suscitou reflexão filosófica desde o início da sua história. Neste episódio, Marta Faustino contrastará as perspetivas de dois filósofos radicalmente diferentes e separados por mais de dois milénios: Epicuro de Samos e Martin Heidegger. Se Epicuro se esforça por nos mostrar que não há nada de temível em morrer por forma a eliminar o medo da morte e conduzir-nos a uma forma de vida mais tranquila e feliz, Heidegger procura intensificar a nossa relação com ela e produzir uma consciência aguda da nossa finitude, como condição de possibilidade de uma existência autêntica. O contraste entre os dois filósofos coloca-nos, assim, perante uma escolha radical entre duas atitudes existenciais perante a morte: a tranquilidade ou a autenticidade.
Marta Faustino
Marta Faustino é investigadora do IFILNOVA (Instituto de Filosofia da NOVA). Estudou Ciências da Comunicação (2002) e Filosofia (2005) na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa e doutorou-se em Filosofia (2013), na mesma universidade, com a dissertação Nietzsche e a Grande Saúde. Para uma Terapia da Terapia. Desenvolve atualmente um projeto individual sobre a Filosofia como modo de vida, com especial foco em Nietzsche, Hadot e Foucault. De 2018 a 2022 coordenou o Art of Living Research Group e de 2023 a 2025 liderou, como Investigadora Principal, o Projeto Exploratório da FCT Mapping Philosophy as a Way of Life: An Ancient Model, A Contemporary Approach. É autora de vários artigos e ensaios sobre Nietzsche, Hadot, Foucault e os filósofos helenistas e coeditora de Nietzsche e Pessoa: Ensaios (Tinta-da-china, 2016), Rostos do Si: Autobiografia, Confissão, Terapia (Vendaval, 2019), The Late Foucault: Ethical and Political Questions (Bloomsbury, 2020), Filosofia Como Modo de Vida: Ensaios Escolhidos (Edições 70, 2022) e Hadot and Foucault on Ancient Philosophy: Critical Assessments (Brill, 2024). Está atualmente a co-organizar o Oxford Handbook of Philosophy as a Way of Life.
Voz off: Catarina G. Barosa, Presidente – Associação Espanto | Produção e edição áudio: Pedro Luis, Uncommon Waves | Música Original: João Paulo Esteves da Silva

Ep.8 – Não há razão para o Medo: Uma fala contra a esperança
Peter Sloterdijk
Disponível 04.11