
Donatella Di Cesare é professora titular de Filosofia Teórica no Departamento de Filosofia da Universidade Sapienza de Roma, onde é membro do Colégio Doutoral, e na Escola de Estudos Avançados Sapienza (SSAS). O seu pensamento situa-se no âmbito da Filosofia Continental (hermenêutica, desconstrução – Nietzsche, Heidegger, Gadamer, Derrida), aprofundando os temas da verdade e da compreensão. O seu trabalho tem-se centrado na ligação entre tempo e linguagem (Walter Benjamin), considerando as questões éticas e políticas do outro e da alteridade (Emmanuel Levinas). A Shoah tornou-se central na sua reflexão (If Auschwitz is Nothing, 2023). Tendo já contribuído com numerosos estudos sobre este tema, no rescaldo da publicação dos Cadernos Negros de Heidegger, interrogou-se sobre a responsabilidade da Filosofia face ao extermínio (Heidegger, os judeus e a Shoah. Os Cadernos Negros, 2016). Tem examinado repetidamente a relação com a figura do estranho e do estrangeiro (Marranos. O Outro do Outro, 2019), incluindo também a questão da migração (Resident Foreigners. Philosophy of Migration, 2020).
Na fronteira entre a biopolítica e a teologia política, analisou a soberania e as formas de dominação (Spinoza). Os desafios da violência, visível e invisível, do totalitarismo (Arendt) às suas formas contemporâneas (terror, tortura, guerra), levaram-na a repensar a vida nua e os direitos humanos. Apelou ao regresso da filosofia à pólis, esboçando a possibilidade de um pensamento radical capaz de conjugar existência e comunidade (A vocação política da filosofia, 2021). Nos últimos anos, tem articulado uma crítica da política estatal, contribuindo para uma reformulação do conceito de democracia (Democracia e Anarquia, 2024).
21.06: Aula Magna SN | A ARMA DA SEGURANÇA E O ESTADO DE EXCEÇÃO
Donatella falará do medo como ferramenta ao serviço da política, enquanto medo produzido, suscitado, inclusivamente cultivado. Não se trata de uma emoção espontânea, mas sim de uma sugestão propagada, da habituação à ameaça, da sensação de uma insegurança extrema. Isto provocou uma procura de proteção, o desejo de imunidade, o que favoreceu o estado de exceção. As guerras em curso são o resultado, derradeiro e inquietante, desta suspensão técnica da democracia.